É das poucas relações intensas que mantenho. Tenho-as também com a preguiça, o tédio, a mediocridade.

O medo tem medo de mim, que quando me apego a ele, dificilmente o largo, e torno-me um chato do caraças.

Devia ter-lhe perguntado se queria passar a noite comigo. Só para saber o que responderia.

O meu dia das bruxas é especial, no sentido em que é igual a todos os outros. E se isto não tem toda a lógica do mundo, vou ali e já venho.

Descobri aqui nos confins do Gmail uma conversa muito gira por mail:

1: Não morras (tentei não ser egoísta, mas não consigo)! Porque queres morrer?
2: Porque estou triste e frustrado.
2: Mais frustrado que triste, no entanto.
1: E porque estás triste e frustrado? Diz-me o que posso fazer para te ajudar?
2: Podes ligar o MSN.
2: Só por um pitzinhu.

Preciso de enrijar um bocado, que sou fraquíssimo. Desmotivo ao menor sinal de problema. Preciso de ganhar anticorpos. Preciso de um suplemento vitamínico.

Gostaria de dizer-lhe: «Ó rapaz, manda-me para o caralho. És giro, magrito, pelo que facilmente arranjas um tipo giro, magrito e indie como tu», mas não consigo, porque depois ficaria ainda mais sozinho. E esta minha solidão é insuportável, porque me deixa só comigo.

Depois de ganhar consciência de que não conseguia ser bom para mim, passei a (tentar) ser bom para os outros.

Quando ando mal da mona, fico cínico x 2.

Tenho um blogue, escondidinho, de nome "A ilusão da viagem contínua". Bottom line: devo ter a mania, devo.

Quando leio Tchékhov, fico sempre cheio de vontade de ouvir Matt Elliott, que não é russo, nem é do séc. XIX.

«Ele deve ser daquele género.... tu sabes... dos tipos que são óptimos a mamar pilas.»

A prova de que sou uma puta emocional. Eu disse-lhe: «Estou apaixonado.» Ela respondeu: «Por quem?»

É maravilhoso, ver felizes as pessoas de quem gosto.

Complexos? Sim, muitos. Demasiados, na verdade. Mas não tenho o de Édipo. Nunca fui um classicista.

Ele disse-me que há tanta gente a fazer arte, que se sente um zero. Então, como bom compincha, dei-lhe as boas-vindas ao clube.

Na verdade, apaixono-me por um tipo novo a cada mês. Muita paixão, pouca acção. Devia ser este o meu lema.

Vivo à luz do candeeiro, em busca de luz natural há já imenso tempo. Não sei se resista, se desista. É isso e metáforas foleiras. O que o anonimato não faz, carambas!

Um escroto rapadinho é muito fofo. Mas a possibilidade de um escroto aberto em ferida durante o processo é agonizante. Não-fofo ou não-agonizante? Não-fofo, como é óbvio. Sou sempre de jogar pelo seguro. Uma seca d'homem, diriam(os) alguns.

Pareço um puto a resistir ao sono. Razão: não sei bem, talvez síndrome Peter Pan.

2009 é ano morto e enterrado. Venha 2010 e a felicidade transbordando na sacola!

Hoje joguei às setas, joguei matraquilhos e joguei um jogo de quizzes numa máquina. Perdi em todos. Todos. E agora tu dizes «azar ao jogo, sorte ao amor», e eu digo
não, meu bom amigo. Azar a tudo.
São as evidências.

Fui ao teatro e apaixonei-me pelo actor.

Não gosto muito da minha pila, o que é pena, porque a pila é o melhor amigo do homem. Mas a minha nunca foi a minha melhor amiga. Sou, enfim, um homem atípico.

Finjo ser outro. Finjo ser muitos outros. No meio de tudo isto, perco-me. Não que me soubesse muito bem, alguma vez. Na verdade nunca me soube. O problema começa aí? Não, meu caro amigo, o problema começa no não me procurar. E não, não andei na secção de auto-ajuda da livraria.

Acordei. Sinto-me pior. Este blogue vai com o caralho dentro de pouco tempo, cheira-me. Yes! Yes! Yes!

Sinto-me mal. Vou dormir. Espero adormecer rapidamente.

Porque estou todo fodido, sou mau para as pessoas. Não está certo, mas um tipo fodido não consegue obedecer às leis da correcção. Simplesmente não consegue.

Normalmente assumo-me responsável pelos meus erros, mas há tantos, tantos erros pelos quais assumir a minha responsabilidade. É que um tipo assim acorda já cansado.

Vivo numa espécie de buraco. Um buraco portátil que, para onde eu vou, vai sempre comigo.
Importante seria perceber se sou eu que o transporto, ou se é ele que me transporta.
Quem é o responsável?

Acordei uma hora e meia antes do que era suposto. Podia aproveitar para bater uma, de forma a começar o dia em beleza, mas sou demasiado chato. Começo então o dia a arrumar a secretária.

Tenho que me mentalizar que ninguém tem culpa de que eu seja um chato, que vive como se tivesse um garfo enfiado no cu metade do tempo.

Entretanto já posso dizer que em Outubro 1.

Em Agosto acabei 2 livros. Em Setembro acabei 0. Em Outubro acabei 0.

Enquanto escrevia este post, começou a chover.

Do Tom Waits, calhou o Alice. Agora, é Chet Baker. Seguidamente, o suicídio.
Nah, apenas wishful thinking do deprimido.

Estou aqui a reflectir sobre qual dos álbuns do Tom Waits calha melhor neste dia cinzento.

Após dois anos e meio com a carta, bati hoje pela primeira vez. Sem atenuantes: a culpa foi inteiramente minha. A razão? Estava noutra dimensão. O conselho: Se vai entrar noutra dimensão, não conduza. O carro: o da minha mãe. O veredicto: inutilizável. O carro com que a minha mãe andará nos próximos dias: o meu. O carro que utilizarei nos próximos dias: nenhum, que ficarei fechado em casa, deprimido. 2009, o ano da fantasia? Até agora, não. 2010 é que é? Certamente.

Quero chorar, porque dizem que um tipo sente-se melhor depois.

Não é tanto com quem adormeces, mas ao lado de quem acordas.

Querias ser
meu amor de serrilha.

São 4 da manhã, e não sei se vá ver o Happy together. É que, se me deprimir, às 5 e meia da manhã estarei bem fodido. E ninguém quer estar bem fodido às 5 da manhã de um feriado, a menos que

Domingo à noite. Aborrecimento, nervos e Amália.

Pergunto-me porque dirão eles fade out again. De onde, o again? Te-lo-ão já conseguido alguma vez? Eu não, e custa.

Oiço amarguras alheias. Parece que o ex-namorado dele tem em sua casa um amigo que veio de longe, e que está a fazer com esse amigo tudo o que fazia antes com o ex-namorado; ora, o ex-namorado - o meu amigo - está só, e portanto desabafa, desabafa, não porque queria estar com o ex-namorado, ou com outra pessoa qualquer, mas porque não suporta estar só, quando sabe que, supostamente paralelo a si, outro não o está. Este melodrama patético da vida real é sempre muito divertido, e um pouco tocante também. O Douglas Sirk nunca lhe chegou aos pés. Nunca chegaria, nem que fizesse filmes até aos 90.

Fiquei feliz por ela me ter vindo ver a casa, o sítio onde me sinto melhor, e que nunca ninguém partilha comigo.

Acho que os tipos do Amália Hoje nunca ouviram a Amália. Mete dó.

Sabes que não ando bem da mona, quando na minha página do lastfm começas a ver muita merda.

Certo dia descobri que uma das pessoas que eu, de todas as que conheço, pensava ser das mais felizes, foi parar ao hospital após tentativas de suicídio, em mais que uma ocasião.

Queria paixão. E não falo da paixão romântica, ou sentimental. Ou melhor, sim, falo da paixão romântica, em que os sentimentos pulsam, mas não a dos romances do cordel, digo. Queria a paixão dos que vivem. Apenas isso. E também queria um homem, claro, mas essa é outra conversa, inteiramente.

Outubro chegou, e com ele o mesmo dos anteriores meses.

Talvez lhe diga que me deixe ser uma bicha solitária em paz.